Para que seja possível falar sobre o perfil do “aluno 3.0”, será importante falar sobre as mudanças no comportamento e nas relações sociais a partir da internet, que além de transcenderem as fronteiras da comunicação convencional, também transformaram acentuadamente o comportamento e os relacionamentos, especialmente quando falamos da geração nascida a partir do ano 2.000, conhecida como “geração Y”.

As infinitas possibilidades de acesso a informações, serviços, entretenimento e relacionamentos induzem qualquer um que esteja conectado a novos padrões na maneira como se expressa, consome e, também, na maneira como adquire conhecimento.

Sendo assim, compreender o impacto dessas mudanças no comportamento como um todo e reavaliar as estratégias aplicadas é um dos fatores fundamentais para as instituições que almejam sucesso em seus objetivos neste mercado emergente. E para compreender toda essa mudança e a direção que estamos indo é fundamental observar atentamente o comportamento do jovem de hoje, especialmente se levarmos em consideração que, historicamente, os jovens sempre foram os grandes catalisadores das mudanças sociais, especialmente quando falamos sobre comportamento e consumo. Foi assim como a “geração baby boomer”, entre os anos 40 e 50, com a “geração X”, nascidos entre os anos 60 e 70, e assim vem acontecendo com a “geração Y”’, ou, “geração millennials”.

A grande diferença entre essas gerações citadas é que quando falamos sobre a “geração Y” estamos nos referindo a uma geração de jovens que já nasceu com um amplo acesso à informação, alto poder de interatividade e liberdade de decisão. Cada vez mais eles moldam esse novo mercado que, pela força das redes socais, é progressivamente influenciado pelo próprio consumidor. Esses jovens vivem em uma comunidade global, onde estética, comportamento, consumo e conhecimento estão plugados em culturas e etnias por todo mundo. E o resultado dessa ampla conectividade está moldando de forma irreversível um novo perfil de estudante, que se trata da geração mais plural da história, o “aluno 3.0”.

Ou seja, todo esse bombardeio de informações e possibilidades impacta diretamente na maneira como essa nova geração de alunos aprende que, diferente das gerações anteriores, é capaz de assimilar informações de uma maneira não linear. E essa nova forma de absorver conhecimento reflete exatamente a dinâmica da internet, que permite o acompanhamento simultâneo de uma infinidade de assuntos.

Para um aluno dessa geração é natural começar em uma área de conhecimento, pausar, continuar em outra, e assim sucessivamente, até que o conhecimento almejado seja construído. Eles não querem se ater a apenas a uma área de conhecimento, pois a sua sede em diversificar é tão ampla como as possibilidades que se apresentam a partir desse novo nível de conectividade.

Outra característica muito marcante desta geração de alunos, que não deve ser ignorada pelas instituições que pretendem ter sucesso nos seus relacionamentos institucionais, é o fato de que eles não são mais influenciados pela mídia de massa e não aceitam ser um simples consumidor passivo. Para essa nova geração a opinião de outros consumidores é decisiva para a sua tomada de decisão, que normalmente é colhida nas diversas redes sociais disponíveis. Eles valorizam muito as organizações empresariais e institucionais que dão atenção a sua opinião e viabilizam uma interação aberta com o seu público.

Levando em consideração as características apresentadas, sugiro abaixo algumas ações relativamente simples de serem implementadas, e que farão toda a diferença na satisfação dos estudantes e no interesse dos candidatos a aluno:

• O professor e o gestor educacional nunca serão substituídos pela tecnologia, mas é fundamental utilizá-la favoravelmente para otimizar o trabalho que se propõe. Mesmo nas aulas presenciais, disponibilize ambientes virtuais onde o aluno possa revisar a matéria apresentada pelo professor, discutir com outros alunos e até realizar exercícios de fixação. Atualmente é possível contar com ferramentas gratuitas para esta finalidade.
• Trata-se de uma geração muito familiarizada com games e ambientes digitais, e pesquisas recentes comprovaram a eficiência do aprendizado a partir desse tipo de plataforma lúdica. Procure inovar na maneira como os conteúdos são apresentados, atualmente com um pouco de criatividade é possível desenvolver materiais neste formato com baixo investimento.
• A interatividade é muito valorizada por essa geração, dessa maneira, mantenha os perfis de sua instituição sempre atualizados nas redes sociais, e viabilize com seriedade um canal de comunicação com o seu público, sempre se comunicando independente da natureza da interação.

Compreender e se alinhar ao perfil desse “aluno 3.0” não é uma tarefa simples, assim como não é simples nenhuma mudança de paradigma. Porém, se esforçar para uma adaptação neste sentido pode ser um fator decisivo para manter uma instituição atrativa e competitiva neste novo cenário que se configura.