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A acessibilidade para surdos é um desafio antigo, iniciado por Dom Pedro II, no Rio de Janeiro, na fundação da primeira instituição brasileira para surdos, em 26 de setembro de 1857. A entidade foi iniciada com o objetivo principal de oferecer uma educação de qualidade a todos com essa deficiência. O Dia Nacional Do Surdo passou a ser comemorado nesta data, para reforçar essa importante cultura por mais acessibilidade.

Um fato bem desconhecido pela população em geral é que a maioria das pessoas com deficiência auditiva não é alfabetizada em Português. De fato, em geral as suas primeiras interações sociais ocorrem por intermédio dos sinais, que é sua língua nativa, chamada em nosso país de Libras – Língua Brasileira de Sinais. Trata-se de uma língua visual-espacial, que possui estrutura própria. Ou seja, desenvolver a língua portuguesa é secundário, que é um aprendizado bem desafiador, especialmente devido à ausência da oralidade. Dessa maneira, as principais dificuldades para o surdo não decorrem da surdez em si, mas da falta de fluência na língua portuguesa. Existem deficientes auditivos que se comunicam através da língua de sinais, os que são oralizados, ou seja, se comunicam através da fala oral e da leitura labial/facial, e existem aqueles que são bimodais, dominando fluentemente o Português e a Libras. Porém, a grande maioria, incluindo os estudantes, comunica-se na linguagem de sinais.

Este é um assunto que vem sendo cada vez mais discutido, especialmente pelo grande número de brasileiros nesta condição. Em 2014, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou uma pesquisa que registrou 30 milhões de surdos no Brasil.

Quando falamos da área educacional, o desafio é ainda maior, sobretudo se considerarmos que, de acordo com os números do Censo do ensino superior de 2017, havia 2.235 estudantes surdos matriculados no ensino superior brasileiro. Já o Censo Escolar de 2016[i] levantou 21.987 estudantes surdos na educação básica.

Os especialistas afirmam que, dentre todas as deficiências, tratando-se da aprendizagem, a surdez é a que impõe mais dificuldades. O deficiente auditivo tem a tendência de ficar mais ausente em uma aula expositiva do que o deficiente visual, além da dificuldade de assimilação quando o professor está falando de costas, por exemplo.

Uma clara evidência de como se trata de um assunto muito atual, o tema da redação no Enem 2017 foi: “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”, procurando dar destaque a esta realidade bem presente em todas as comunidades, mas sobre a qual poucos possuem conhecimento.

Felizmente, a sociedade moderna pode contar com todas as vantagens da tecnologia, que também vem sendo aplicada para esta finalidade. Um bom exemplo disso é a disponibilidade de aplicativos gratuitos que possibilitam a tradução de textos digitais para Libras, em tempo real, viabilizando para os deficientes auditivos um exponencial ganho de acessibilidade aos textos.

Com o objetivo de orientar e influenciar positivamente o setor do ensino superior, deixando mais acessível para os deficientes auditivos todos os seus conteúdos em texto, a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) instalou em seu site o aplicativo “VLibras” (Clique para download), que traduz automaticamente os textos em português para Libras. O aplicativo surgiu da parceria entre o Ministério da Economia (ME), por meio da Secretaria de Governo Digital (SGD), e a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e pode ser instalado em celulares e páginas WEB.

A partir da iniciativa, a ABMES pretende dar mais amplitude à ferramenta e a seus benefícios, permitindo a inclusão digital também da comunidade surda e ampliando a usabilidade e a acessibilidade a todas as pessoas.

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  [i] Dados disponíveis mais atuais. A partir de 2017 os dados sobre deficiência passaram a ser gerais, contabilizando todas elas.

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